TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS - Parte 6

TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS
Identidade e Missão - Is 61.1 e Jo 4.23 - Parte 6

Partindo do pressuposto que ser cristão não está vinculado a um nome, ritos ou formas. Que por trás do termo cristão ou gospel deve haver um identidade estamos tentando responder a pergunta - O QUE É TESTEMUNHAR A GRAÇA? Pois acreditamos que isto passa pela vida cristã verdadeira. E para isso propusemos olhar um pouco para o significado da graça através dos diálogos de Jesus com Nicodemos e a mulher samaritana do evangelho de João. Continuemos portanto pensar nessas circunstâncias bíblicas.
O Evangelho de João em seu propósito é profundamente didático para nos apontar os valores estabelecidos por Deus ao expressar sua graça. Para entendermos isto melhor tomemos como ilustração os diálogos de Jesus em João 3 e 4 com um Mestre da Lei, Nicodemos, e com uma mulher samaritana, considerada adúltera e socialmente excluída. Nestes textos podemos entender sua gratuidade e misericórdia, pois vemos que A GRAÇA:

a) Não está vinculada a nossos méritos (ao legalismo de Nicodemos);
b) Não aceita ou está limitada a nossos pecados ( a Samaritana);
c) Não se condiciona a nossa condição intelectual, social ou emocional
(de orgulho ou de baixa auto-estima);
d) Visa nos preparar para verdadeira adoração, que não está presa ou
limitada a rito legalistas, pela tradição (pai Jacó) ou pelo pecado..

Tendo tratado, mesmo que brevemente sobre a expressão graça e seus aspectos ou valores em Cristo, precisamos então passar para o entendimento do que significa a expressão discípulos, posto serem os cristãos discípulos da graça de Deus, a fim de acrescentar conteúdo ao que já falamos acima sobre nossa missão e condição de discípulos.
Podemos ver discípulo expressado pelas palavras Limudh (VT), Mathetes (NT) e discipulus no latim, todas, segundo o Dicionário Bíblico de J. Douglas com a idéia de aquele que se dedicava ao ensinamento (e/ou reprodução) de ensinamentos recebidos de outro, em regra um mestre. No NT discípulo de Cristo está ligado a idéia daquele que confessa a Jesus Cristo como Senhor e Salvador (At 6.1,2 e 7 e At 9.36). Alguém que está a serviço de Cristo, daí Paulo se intitular em suas epístolas como “servo do Senhor Jesus”. No evangelho de Mateus cristão tem o sentido “tornar-se” (27.57) e “fazer” discípulo (Mt 28.19).
O conceito de discípulo como alguém que, pela graça de Deus, confessa Jesus como senhor e salvador, e por isso lhe segue, é importante para percebermos que GRAÇA e DISCIPULADO nos dirige a palavra FÉ, porque quem confessa a Jesus como salvador o faz pela graça, mediante a fé. Mediante a certeza de que Jesus é o Cristo que salva e mediante o firme propósito de segui-lo como Senhor. Logo ser discípulo é resultado da graça de Deus e é uma condição que se confirma por nossa fé, nossa confissão de Jesus como Senhor e Salvador. Mas precisamos entender que a fé não é um elemento de nossa condição de discípulos que simplesmente nos dá a consciência de nossa condição do pecado e nossa necessidade da graça de Deus.

A fé não é simplesmente um fator intelectual e emocional. Sua espiritualidade ela envolve um fator dinâmico, de ação. A fé não está destituída de ação. Muito pelo contrário a fé se expressa plenamente por nossas ações. Daí Paulo associar a fé genuína em gálatas ao amor e ao serviço (Gl 5.6 e 13,14). E Tiago chamar atenção da coerência entre nossa fé e nossa vida (ações). Daí, também, a Carta aos Hebreus falar de fé e santidade com ação (Hb 12. 1a3 e 14e15).